Pra ler depois...

Escreva um diário!

Se eu pudesse te dar um conselho, seria esse: escreva um diário, à sua maneira, mas escreva! Tenha esse espaço particular pra esvaziar a mente, colocar seus dilemas, seus problemas, suas alegrias, seus registros e percepções sobre a vida. Eu me lembro de quando o meu padrasto ia trabalhar e vez ou outra eu pedia pra ele me trazer um gibi da turma da Mônica, mas naquele dia foi diferente: lhe pedi um diário e não lembro muito bem, mas acho que esqueci do pedido ao longo do dia e mais tarde recebi em minhas mãos um caderno bem bonito, todo decorado de ursinhos. Não fui muito frequente naquelas folhas, e até arranquei algumas, e me sobraram outras, mas em algumas delas fiz registros. Hoje revisitei ele, diretamente de 2010, a minha letra ainda bem infantil, e lá registrei alguns passeios, guardei bilhetes, cartas de gente que eu nem sei onde está hoje, letras de músicas, desejos que hoje já nem quero mais. Tudo ali, uma verdadeira máquina do tempo. Naquela época diário não parecia coisa tão importante e por algum tempo não fiz dele um hábito.

Comecei de fato a colecionar minhas estações (e não parar mais) em folhas em 2015. Foi um ano que eu precisei muito escrever, e não guardar tanto sentimentos/acontecimentos dentro de mim e percebi algumas coisas. Primeiro, algumas situações que antes me pareciam algo gigante ou determinante, hoje nem me imagino mais dentro delas. Graças a Deus! Tudo passa! E escrever acredito que teve uma parte essencial na minha superação de certos dilemas e ansiedades. Conversar com alguém é muito bom, mas tenho entendido que tem coisas que é melhor a gente manter entre a gente, Deus e você sabe... algumas folhas de papel. 

Percebi também muita cobrança da minha parte. Frequentemente escrevi coisas cujos inícios de frases eram "tenho que...". Mas será que eu não estava apenas me comparando com outras vidas? Provavelmente... Ainda assim, não me julgo. Não tenho medo de ser vulnerável. Colocar isso no papel, lamúrias, reclamações, faz parte do processo de escrever um diário. Ali, não tem certo ou errado. Você pode despejar os sentimentos porque o papel não vai te julgar. Aliás, no meio de tantas reclamações você acaba descobrindo o que te incomoda e potencialmente encontrando algumas respostas pros seus próximos passos e decisões. Ainda, penso que mesmo que a nossa escrita se trate por um momento apenas de remoer algum acontecimento ou emoção, uma hora aquilo perde a força e o que temos logo em seguida é: um coração curado e pronto pra seguir em frente.

Também notei que em diversos momentos quando escrevi que não estava bem, me sentindo fraca diante da vida, eram os momentos que eu mais estava lutando, sabe? Eu queria abraçar aquela Liz e dizer:" você está indo bem! Não se coloque tantos fardos assim". Também vi que dos diários mais próximos, alguns desejos ainda permanecem, talvez com uma ou outra modificação. Ficou também claro o tanto que eu estou diferente em alguns outros aspectos. É engraçado porque ainda sou eu, mas eu já não sou a mesma, não me sinto, não em tudo. 

Enfim, isso tudo pra dizer: escreva um diário! Eu gosto do papel, mas você pode se dar bem no digital, ou montando um tipo de "scrapbook". Não tem muito segredo: separe um caderno só pra isso, despeje lá tudo que está passando na sua mente nesse tempo que se chama hoje. Coloque desejos, fale sobre o dia, listas... com letra feia ou bonita, de modo frequente ou espaçado, coisas bobas ou incríveis, o que você quiser, mas preencha aquelas folhas e não leia nada naquele momento - tampouco mostre pra alguém. Depois de um tempo, reler aquelas páginas vai ser uma grande experiência de reconexão com você mesma e todas as suas fases e nuances. A gente escreve aquelas palavras pra desafogar o nosso presente, mas é doido como elas continuam falando com a gente, de outro jeito, no futuro. Isso não é incrível e precioso? Hoje eu percebo. 

Comentários

  1. Oie,
    Eu vivo falando que quero um diário e nunca começo, seu post me incentivou a tentar agora. Eu acho que tem algumas passagens na minha vida que me deixaram muito vulnerável para ter um diário, traumas de privacidade violada, sabe? Mas os tempos são outros e não custa nada tentar.

    Um abraço!

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    1. Espero que esse agora seja um bom momento, Aline! Sinto muito que nem sempre foi possível ter um espaço de intimidade assim.

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  2. Aww adorei Liz! Também sou adepta de registrar a vida. Seja escrevendo física ou digitalmente. Ou até em outras formas, como fotografia, vídeos ou objetos que nos fazem lembrar de coisas que aconteceram.

    Gostei muito da sua frase: "A gente escreve aquelas palavras pra desafogar o nosso presente". Achei tão verdadeiro e bonito ♥

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  3. Oie Liz! Meus diários/agendas de quando eu era mais nova também são como uma máquina do tempo pra mim. Ainda mais por eu ser uma pessoa bem nostálgica. As vezes tenho saudades e ai me reencontro lendo as páginas. Hoje em dia já é diferente. Eu não tenho mais o costume de escrever em diário. Eu tenho o diário, mas sempre que tento escrever me sinto travada sabe, nada sai...
    Um beijo!!

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  4. Eu tenho uma relação muito preciosa com a escrita. Escrevo desde os meus 8 anos (que eu me lembre) e escrevo sobre tudo. Sempre fui a colecionadora de cadernos e tenho um que escrevi só poemas aos 9 anos. Meu português era péssimo e minha letra também, mas ao ler... a sensação é inexplicável. Me sinto em 2014 de novo, assistindo a copa e escrevendo poemas. Recuperei o hábito de escrever em diário em 2020, por causa da pandemia, e pude perceber o quanto ter um diário é benéfico. Nunca fui de falar sobre meus sentimentos e acabo sentindo tudo sozinha, mas ao escrever... parece que tudo fica mais claro e consigo entrar em sintonia comigo novamente, me entender... enfim. Seu post disse exatamente aquilo que sinto.
    Abraços!
    claraaoliveira.blogspot.com/

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  5. Dicas preciosas. Existem várias formas de esvaziar a mente.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está em Hiatus de verão entre 18 de janeiro à 04 de março, mas comentaremos nos blogs amigos.

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  6. É muito precioso mesmo, você tem razão. Por algum motivo, que não sei apontar, nunca consegui escrever muito em diários. Já comecei uns tantos, mas sempre acabava abandonando. Já tem 10 anos que escrevo no formato "uma linha por dia", apenas uma ou duas frases que definam/descrevam o meu dia ~ e tem dado super certo. <3

    Beijo, beijo :*

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  7. Imagino a preciosidade que foi reencontrar teu diário antigo e viajar nas memórias.
    Escrever é de uma magia linda demais :)

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