O nome "Clarice Lispector" já me era familiar. Na adolescência ganhei um livro dela cujo título era "Felicidade Clandestina", eu nem lembro se li todo mas não gostei. Não entendi nada e passei à frente. Na verdade nunca me conformei com o fato de algumas pessoas conseguirem ver o extraordinário em alguns autores e eu não (e olhe que eu nem sou tão difícil de agradar). 

Mas, o tempo passa e a gente não é o mesma pra sempre, né? Esses dias vi uma análise daquela entrevista em que a Clarice está na melhor das hipóteses, introspectiva, e resolvi pegar um volume de todas as crônicas dela que tenho aqui. E olha, não é que a leitura fluiu? Na verdade, está fluindo. Tenho gostado muito, não entendo tudo, mas tenho gostado de algumas, me identificado com outras, e tem sido uma experiência bem melhor do que a primeira vez em que tentei ler algo dela. 

Não é que ela seja "hermética", como alguns tanto criticavam (e claramente isso a incomodava). Ela só era intensa demais... pensativa demais... e às vezes é isso que torna a sua escrita dolorosa. O louco é que depois de rever essa entrevista eu percebi que era tudo muito pessoal, as suas palavras eram uma tentativa de se compreender e se fazer compreendida por alguém - e isso torna tudo mais interessante e ao mesmo tempo, triste.

Mas enfim, fica a dica pessoal! Aquela autora/autor que você tentou ler outro dia e não rolou, pode ser que hoje seja tudo diferente, né? Vale a pena tentar. Ainda bem que não estamos sempre no mesmo lugar.