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Não somos uma coisa só: um papo sobre paixões, criatividade e possibilidades

"Não é esplêndido pensar em todas as coisas que existem para serem descobertas? Isso me faz sentir alegria em estar viva; é um mundo tão interessante!" - Anne de Green Gables (L. M. Montgomery)

Esses dias assisti um episódio de Dawson's Creek que me fez pensar muito sobre como não precisamos nos definir apenas por um hobbie ou uma paixão, e sobre como se limitar às vezes bloqueia a nossa criatividade. 

O Dawson é uma aspirante à cineasta. O que significa dizer que ele praticamente respira filmes e a vida dele sempre que possível, é conectada à um clássico de algum diretor que ele ama. Certa vez, ele participa de um festival onde o filme dele é rejeitado e no meio do caminho ele conhece Nikki, outra amante de cinema, tão talentosa e criativa quanto. Ao contrário dele, o filme dela é super ovacionado no festival e isso começa a despertar nele um sentimento de frustração. "Será que eu sou bom mesmo?", pensamentos do tipo invadem sua cabeça. O cara simplesmente entra numa crise existencial onde questiona a sua vocação e existência. Mas, quem nunca, né?

Em um certo momento ele visita a nova colega e percebe que o seu quarto ao invés de pôsteres de filme, tem um pôster da cantora Lauryn Hill. E diferente do quarto do Dawson que está repleto de referências do Spielberg, é super clean. O garoto então fala que o quarto não reflete muito o lado cineasta dela, e é aí que ela diz: "Dawson, existem tantas coisas pra se apaixonar. Por que se apaixonar só por uma? Se você só consome filmes, uma hora você começará a fazer filmes sobre filmes". Achei incrível.

Por muito tempo eu acreditei que por gostar de música, ou cursar pedagogia, a minha vida precisava girar em torno dessas coisas. Mas a real, é que quando nos abrimos pra novas experiências, seja assistir algo que não tem nada a ver com nossa área, ler um gênero literário diferente do que somos acostumadas, pintar um quadro, cozinhar ou qualquer outra coisa, isso não nos distancia do que amamos, das nossas paixões ou aspirações, pelo contrário: acrescenta e aproxima. Esse exercício alimenta a nossa criatividade (inclusive, na nossa área) e nos ajuda a perceber que não somos só aquilo. A nossa identidade não é definida pelo que escolhemos cursar ou por aquilo que mais se sobressai na nossa personalidade. A nossa identidade é uma enorme colcha de retalhos, que pode a princípio não fazer muito sentido, mas se olharmos bem é por isso que somos singulares, e até mesmo, tão interessantes. 

Por isso, concordo com a Anne (de Green Gables) quando ela diz que existem muitas coisas para serem descobertas. Cores, sabores, cheiros, texturas, sons, lugares... não é incrível? No fim, das contas não é que Dawson estava errado de ter vários pôsteres em cada parede do quarto, ele só não percebeu que de certa forma, durante a sua vida bloqueou a passagem para novas experiências e quem sabe, novas paixões. 

Comentários

  1. Olá! Me identifiquei com o que escreveu, tenho medo de mudanças e novas experiências, nunca sai da minha zona de conforto em questão de hobbies, me dedico apenas a fazer coisas que não precise de interação social HASHUAHUA, vou assistir a série recomendada e quem sabe descobrir algum outro hobby!
    Beijos da Malu!| Apricity

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    1. hahaha, te entendo, Malu! E como eu te entendo... espero que goste da série! Beijos ♡

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  2. Maravilhoso isso, concordo plenamente. A gente tem essa mania de se definir ~ e de procurar um rótulo imutável para as pessoas ~ mas isso é tão limitador, né? Tanta coisa maravilhosa no mundo, expandir os horizontes realmente é a opção mais divertida e prazerosa. :)

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  3. Parte de mim deseja muito viver novas experiências, mas tenho um lado que as vezes fala mais alto em querer ficar quietinha no meu canto. É algo que tento conciliar. Viver muito na mesmice, fazendo as mesmas coisas sem nos arriscar a nada novo, me desmotiva bastante. Enquanto me aborreço no sofa, tenho vários planos que ficam esquecidos na gaveta e que poderiam estar deixando o momento mais leve. O mundo é grande demais e a gente muda tanto com o tempo, tá aí um argumento mais do que forte para nos abrirmos ao novo!
    Um beijo

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    1. É Dai, parece que quando a gente tem um propósito a seguir, a vida ganha mais cor. Que a gente consiga arriscar de vez em quando, bem do nosso jeito e ritmo.

      Beijo ♥

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  4. "A nossa identidade é uma enorme colcha de retalhos". Liz, isso é tão verdadeiro, e tão bonito, e gostei tanto do seu post! No fim das contas, é sobre sair da zona de conforto, né? Lembro que, quando era adolescente, li uma crônica da Meg Cabot que, em suma, dizia que zona de conforto não cria lembranças. Não tenho certeza se ela escreveu algo assim na crônica ou se foi eu que "resumi" a crônica a isso, mas é um lema que tento levar para a vida.

    Abraço enorme pra ti! E muita inspiração ♡

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    1. No fim das contas acho que é isso mesmo, Any... sendo resumo ou não do que você lembra, amei a frase da Meg ♥

      Abraço pra ti também ♥

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  5. Que lindo, Liz! E faz total sentido. A gente tem essa mania de se fechar em uma caixinha e não explorar outras possibilidades, e há tanto para acrescentar em nossa vida e personalidade. Eu amo aprender coisas novas, mas, do outro lado, tenho medo de sair da zona de conforto também.
    Precisamos de mais coragem!
    Ótimo post; reflexões incríveis sempre por aqui.

    Abraços,
    Any.
    Poetiza-te

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